quinta-feira, 15 de março de 2012

Nova paisagem em Goiana - Pernambuco

A transformação da paisagem de Goiana, a 63 quilômetros do Recife, dará uma guinada radical a partir deste mês de março, com o início das obras civis da Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP) e, em abril, da Fiat. Os canaviais de ontem, que já cederam espaço para gigantescos campos terraplenados às margens da BR-101, agora esperam o soerguimento de colunas e coberturas de galpões industriais. O Diario foi dar uma espiada em toda essa movimentação e mostra a você, leitor, o que anda acontecendo nesse município da Mata Norte.
A terraplenagem da CBVP, do grupo Cornélio Brennand, está praticamente concluída e o estaqueamento deve ser finalizado ainda este mês. São 90 hectares, sendo 80 mil metros quadrados de área construída. “Estamos fechando os contratos com a construtora e vamos iniciar as obras civis no dia 15. Significa dizer que estamos mantendo o cronograma e a previsão de começar a operar em julho de 2013”, diz o presidente Paulo Drummond.
Investimento na CBVP subiu de R$ 550 milhões para R$ 770 milhões, com capacidade para produzir 290 mil toneladas de vidros planos. Imagem: CBVP/DIVULGAÇÃO Na quinta-feira será realizada uma cerimônia no local para marcar a nova etapa do empreendimento, que deve gerar até cinco mil empregos no pico da obra. Trata-se da primeira fábrica de vidro planos do Nordeste e a única do Brasil com capital 100% nacional. “Já encomendamos os equipamentos ao nosso parceiro tecnológico, a Fives Stein, e vamos receber os primeiros entre maio e junho. Só um dos fornos possui 800 toneladas”, completa Paulo.
O executivo revela ainda que o investimento na planta foi revisto, aumentando de R$ 550 milhões para R$ 770 milhões, com capacidade para produzir 290 mil toneladas de vidros planos por ano. A área construída será de 80 mil metros quadrados, e o faturamento anual esperado, de R$ 400 milhões. Está prevista a geração de 370 empregos diretos e mais de 1,5 mil indiretos.
A CBVP irá fornecer vidros planos principalmente para a construção civil (60%), transformação automotiva (20%) e setor moveleiro (10%). Numa segunda etapa do projeto está prevista a instalação, no mesmo terreno, de uma empresa transformadora – a Companhia Brasileira de Vidros Automotivos (CBVA), esta sim, para atender diretamente às montadoras, como a Fiat. Serão investidos mais R$ 70 milhões na CBVA, com geração de outros 150 empregos diretos. O início da operação dessa segunda unidade, entretanto, vai ficar para 2014.

Formigueiro Humano

Goiana – Na área da Fiat, a imagem é impressionante e lembra a de um imenso formigueiro. São mais de 500 operários e mais de 400 máquinas em um campo de 440 hectares. É esse o contingente que está, literalmente, preparando o terreno para a chegada da fábrica. E trabalham em dois turnos, o segundo das 19h às 5h, com a ajuda de geradores. A terraplenagem da área principal, de 160 hectares, já foi concluída e o local está apto para a construção da montadora.
“Estamos totalmente em dia com o cronograma. Finalizamos a terraplenagem da área prioritária, que vai abrigar os galpões, e começamos a trabalhar a segunda etapa, com mais 97 hectares”, diz João Guilherme Ferraz, secretário executivo de Projetos Especiais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Os serviços estão a cargo da Construcap e pagos pelo governo do estado, ao preço de R$ 81,9 milhões.
Iniciada no dia 9 de janeiro, a terraplenagem vai levar seis meses para ficar pronta. O contingente atual de operários, de 525, poderá chegar a até 800 no pico das obras. Além da montadora, essa área também irá abrigar um primeiro nível de fornecedores. O investimento na fábrica é de R$ 4,5 bilhões, podendo gerar 4,5 mil empregos diretos e até 21 mil indiretos, com capacidade para produzir entre 200 mil e 250 mil carros/mês. O início de operação está previsto para 2014.

Hemobrás a todo vapor
Francisco passou um ano parado e em 2010,conseguiu emprego na empresa. Imagem: CBVP/DIVULGAÇÃO
Goiana – Enquanto as obras civis da CBVP e da Fiat estão para começar, as da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) estão a todo vapor. Quando a reportagem visitou o canteiro, no fim de fevereiro, 50 caminhões estavam despejando nada mais, nada menos que 675 toneladas de concreto nas bases dos blocos B-03 e B-04, onde vão funcionar, respectivamente, o envase e a rotulagem/empacotamento dos produtos.
Segundo o gerente de engenharia da Hemobrás, Marcelo Carrilho, a primeira fase da planta industrial foi concluída e o bloco B-01, que abriga a câmara fria a –35°C, está em fase de qualificação das salas limpas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Esse processo será finalizado em julho, quando poderemos começar a receber os caminhões com o plasma que será estocado”, conta.
Os demais blocos estão em fase de edificação. Os principais são o B-02, onde ocorrerá o fracionamento do plasma, o B-05, que fará a expedição dos produtos e o B-06, onde funcionará o laboratório de controle de qualidade da fábrica, além dos já citados B-03 e B-04. O laboratório, de acordo com Carrilho, ficará pronto em junho de 2013, permitindo à Hemobrás rotular os medicamentos produzidos pelo LFB, laboratório francês parceiro do empreendimento, enquanto a fábrica não fica pronta. “A partir daí já seremos uma indústria”, observa o engenheiro.
A fábrica da Hemobrás, fruto de um investimento de R$ 670 milhões, deverá estar apta a funcionar em 2014. Até lá, o contingente de pessoas envolvidas na obra poderá chegar a 700, pois entra a fase de montagem eletromecânica. Atualmente, são cerca de 200 empregos diretos. Gente como Francisco de Assis Farias de Freitas, 44 anos, filho de Goiana com formação superior em matemática, que conseguiu trabalho no setor de recursos humanos.
“Nasci na Ilha de Itapessoca, passei quase um ano parado e no fim de 2010 apareceu a Hemobrás. Acho isso muito interessante porque sei que depois dela virão outras. Com certeza, a vida da gente já está melhorando”, depõe Francisco.
Mas as oportunidades não se limitam a Goiana. Municípios vizinhos, até mesmo da Paraíba, também estão se beneficiando com a construção da fábrica. Denise Bezerra Braga, 27, e Marilene da Silva Maciel, 38, são de Caaporã (PB) e conseguiram trabalho como ajudantes de armador. Uma atividade tipicamente masculina que elas desempenham com competência. “Estamos competindo com os homens”, constata Marilene, que antes trabalhava como frentista. “É difícil, mas dá para se adaptar”, opina Denise, feliz por ter conseguido seu primeiro emprego.

MICHELINE BATISTA / Diário de PE


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