quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Blocos Liricos - Cultura de Pernambuco
















Também conhecidos como blocos de pau-e-corda, os blocos líricos são agremiações incomparáveis, famosas pelas fantasias bem-elaboradas, que saem nas ruas ao som de uma orquestra de instrumentos de cordas e sopro, composta por banjos, bandolins, violões, cavaquinhos, flautas, saxofones e clarinetas (alguns blocos maiores trazem ainda violinos, bombardinos, trompetes e tubas); além de uma percussão formada por surdo, pandeiros, caixa e, às vezes, ganzá e reco-reco. Nos frevos-canção e de-rua, a orquestra é dominada pelos metais. São acompanhados de um coral feminino e de cordões de pastoras, pastores e crianças. À frente vai o abre-alas do bloco, chamado “flabelo”, feito de material firme (diferentemente dos estandartes) e que traz o nome da agremiação e a data de fundação, sempre empunhado por uma pastora, a flabelista. Nos blocos mais antigos ainda em atividade, como Madeira do Rosarinho (1926), Banhistas do Pina (1932) e Batutas de São José (1932), é um homem com um traje de pajem à Luís XV quem carrega o símbolo do bloco, como nas troças e clubes.
Segundo o pesquisador Júlio Vila Nova, notável conhecedor da história dos blocos e autor do livro “Panorama de folião: o carnaval de Pernambuco na voz dos blocos líricos” (de onde retirei muitas informações) e presidente do Bloco Cordas e Retalhos (1998), no passado, os blocos alimentavam uma grande rivalidade entre si, como por exemplo, entre Madeira e Inocentes do Rosarinho (1946, atualmente extinto) ou entre Batutas e Banhistas, ou ainda entre o Bloco das Floress (1920) e Apôis Fum (1925). Hoje essa rivalidade desapareceu, dando lugar a um espírito de confraternização entre eles. Há quem diga que, embora velada, a rivalidade ainda exista.
Ainda segundo Vila Nova, a terceira fase se inicia nos anos 90, e é aí que aparece a maior parte das agremiações que hoje desfilam não somente no Carnaval do Recife e de Olinda, mas também em outras cidades da região metropolitana. São dessa época o Nem Sempre Lili Toca Flauta (1989, diz-se que um outro bloco com o mesmo nome existiu em 1915), O Bonde (1991), Eu Quero Mais (1992) de Olinda, Cantolinda (1992, não desfilando mais hoje), Cordas e Retalhos (primeiro a usar a nova denominação B.C.L.), Flor da Vitória Régia (1998, desfilou até 2005) do bairro de Casa Forte, Pára-quedista Real (1999) do Poço da Panela, Bloco da Amizade (2000), Confete e Serpentina (2001), a Trupe Lírico-Musical Um Bloco em Poesia (2001), Valores do Passado, Esperança de Campo Grande, Pintando o Sete, Aurora de Amor, Alvorada dos Clarins, Cadê Mário Melo (hoje extinto), Seresteiros de Salgadinho (2003) e Me Apaixonei por Você (2005), este fundado por dissidentes do Bloco das Flores. Em Moreno, surgiram o Flor do Eucalipto (2000) e, recentemente, o Com Você no Coração (2006); em Paulista, o SintAzul e Menestréis do Paulista; no Cabo de Santo Agostinho, o Fantasia da Juventude Lírica do Cabo; e em Paud'alho, o Linda Flor da Mata. Nessa onda, surgiram também os blocos líricos infantis, com destaque para o Sonho e Fantasia e o Eu Quero Maizinho.
A maioria dos blocos é fiel às suas cores, e nas fantasias, sempre confeccionadas em veludo, cetim, bordados e plumas, procura inserir o máximo de detalhes que identifiquem a agremiação. Por exemplo, o Cordas e Retalhos traz o vermelho e branco como símbolos, assim como n'O Bonde e Menestréis do Paulista; as cores do Eu Quero Mais são amarelo, azul e vermelho; o Confete e Serpentina é branco e preto; Um Bloco em Poesia é vermelho e amarelo; o Bloco da Saudade é vermelho, azul e branco; o Nem Sempre Lili Toca Flauta é vermelho e verde; o Flor da Lira de Olinda é azul e amarelo; o Esperança e o Flor do Eucalipto são verde e branco.

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